Turim: Primeira capital de Itália
Numa região eminentemente rural como o Piemonte, surpreende encontrar uma cidade tão majestosa e ao mesmo tempo tão industrializada como Turim. Nas suas ruas respira-se cultura e história, pois trata-se de uma grande cidade que foi estandarte do progresso italiano durante séculos. Os seus museus de arte, os seus restaurantes, as suas igrejas, os seus palácios, os seus parques e os seus jardins evocam a riqueza e a prosperidade da qual Turim goza há tanto tempo. A capital do Piemonte foi fundada pelo Império Romano como Julia Augusta Taurinorum. Em seguida passou a chamar-se simplesmente Taurinorum, para finalmente ter o nome que conhecemos hoje em dia. Após séculos de domínio romano a cidade foi conquistada pelos bizantinos, lombardos e francos. Em 1559 tornou-se na capital do reino de Saboia, em 1713 passou a ser capital do reino da Sardenha sendo finalmente capital do reino de Itália entre 1861 e 1865. Em 1848 Turim era a capital do único estado italiano que não era dominado por estrangeiros. Foi a cidade que liderou neste mesmo ano a primeira Guerra da Independência que estabeleceria as bases da nação italiana, por isso se diz que a Itália nasceu em Turim. O turinês Camillo Benso Conde de Cavour, líder da independência italiana, promoveu o progresso e a industrialização da cidade, e graças a ele Turim converteu-se numa das cidades do mundo com mais projeção de futuro entre o final do século XIX e início do XX. Pedir algo para beber em Turim é sinónimo de vermute. Foi aqui, por volta de 1838, onde começou a sua comercialização. Há já vários séculos os turineses começaram a aromatizar o vinho branco com especiarias e ervas aromáticas como a artemísia, a aquilégia, a canela e o ruibarbo, trazidas pelos mercadores venezianos. Atualmente esta tradição está mais vigente do que nunca na capital piemontesa, mas evidentemente não se deve desfrutar do autêntico vermute de qualquer forma, o melhor momento é na hora do aperitivo, depois do trabalho e para abrir o apetite antes do jantar. Os turineses costumam optar pelo clássico Martini ou pelo tradicional Cinzano, pois procuram evitar o vermutes de torneira das marcas brancas, a não ser que estejamos em algum dos bares clássicos da cidade onde se encarregam de produzir os seus próprios vermutes caseiros. Quando o estômago começa a dar horas é melhor sentar-se à mesa! Para acompanhar qualquer refeição encontraremos os omnipresentes bastões de pão turinês denominados grissini. Os grissini foram inventados em 1668 pelo padeiro turinês Antonio Brunero para o duque Vítor Amadeu II de Saboia, que não podia comer o miolo do pão devido aos seus problemas digestivos e desde então os grissini continuam a ganhar fãs em todo o mundo, Napoleão entre eles, que gostava tanto deste pão que mandava trazê-lo diretamente de Turim. Houve uma época em que os franceses se referiam a Turim como “Grissinópoli” ou “a comuna de San Grissino”. É possível encontrar dois tipos, os stira, muito finos que têm entre 50 cm e um metro de comprimento, e os rubatà, menos finos e mais curtos com as marcas características do seu processo de amassamento. Inclusive há um típico prato turinês chamado Bistec à Grisssinopoli elaborado com grissino Rubatà em pedaços. Mas a sua fama não se limita unicamente à zona de Piemonte, os grissini são muito populares em toda a Itália inclusive entre aqueles que querem manter a linha. Turim é especialmente popular devido à sua famosa doçaria, de facto a cidade é a maior produtora de pastéis de toda a Itália. E entre todos os seus doces podemos dizer que a estrela é o chocolate! De prestígio internacional devido à sua qualidade, vale a pena experimentar o chocolate turinês em todas as suas possibilidades. Praticamente qualquer dos seus antigos cafés, muitos dos quais foram abertos pelos chefs da corte de Saboia, oferece o chocolate quente da cidade que pode ser acompanhado com algum doce turinês. Outra especialidade do lugar é o bicerin, esta bebida nascida no século XIX no popular café homónimo, foi batizada pelo próprio Conde de Cavour que a adorava! Elaborado com uma pequena dose de café expresso, chocolate quente, uma gota de leite, nata e cacau polvilhado por cima. O consumo de chocolate em Turim que, desde há muitos séculos, também deu lugar a novas receitas, na maioria dos casos surgidas das necessidades do dia-a-dia: aqui nasceu o chocolate com avelãs. O famoso gianduia (cujo nome provém de uma clássica personagem turinesa da Comedia dell’Arte) foi criado por um pasteleiro em 1807, durante a ocupação francesa. Nesta época Piemonte sofria um embargo que não lhe permitia importar cacau, portanto começou a substituir o cacau que faltava por avelã na elaboração do chocolate. A falta de matéria-prima deu lugar a esta popular invenção. Mas a cozinha turinesa não só se destaca na sua versão doce, pois há vários exemplos que certificam as delícias da sua mesa. Graças à qualidade do gado bovino da província e ao pasto das suas montanhas, Turim oferece uma rica e variada oferta de queijos elaborados com leite de vaca, entre os quais se destacam o Roccaverano, o Castelmagno, o Murazzano, o Grasso d’alpe e o Raschera. As anchovas são consumidas em Turim desde a Idade Média, naquela época eram pescadas na costa da Ligúria e transportadas, para o norte da Europa, junto com o sal pelos mercadores. Ao cruzar terras piemontesas as anchovas tinham como principal destino Turim, onde eram salgadas para posteriormente serem vendidas. Outra receita turinesa com muita história é La finanziera (chamada assim porque durante algum tempo foi a preferida dos agentes da Bolsa), um guisado preparado com várias carnes, ervilhas, com vinho de Barbaresco e canela. Em Turim há uma infinidade de “especialidades da cidade” e em poucos restaurantes faltarão as saborosíssimas alcachofras recheadas à turinesa, que podem ser acompanhadas com vitela, frango, presunto ou trufa, ou com os populares pimentos recheados de arroz à turinesa. Além disso, está cada vez está mais presente na burguesa cozinha turinesa a influência rural da região. Diariamente são abertos novos restaurantes que oferecem pratos rústicos e tradicionais ocasionando uma miscigenação culinária de receitas mais refinadas com outras mais rústicas. Sem dúvida, a gastronomia de Turim surpreende pelos seus contrastes cada vez mais acentuados, mas sempre prevalece a qualidade e a variedade dos seus pratos. Ainda nos faltam muitos lugares para descobrir na região do Piemonte, continuemos a nossa viagem...
45.0703393, 7.686864
Turín
Turim (em italiano: Torino, em piemontês: Turin) é uma cidade com um importante centro cultural e de negócios do norte de Itália, capital da região do Piemonte, localizada principalmente na margem esquerda do rio Pó e rodeada pelos Alpes.
População: 2.200.000 hab.
Superfície: 130 km² kmª
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